Moda nos EUA e Europa, apresentações em lugares pequenos para poucas pessoas virou tendência no Brasil através de iniciativas como o Sofar e casas como o Orb, em São Paulo. "A gente está de saco cheio de show grande", afirma diretor
Quem
frequenta shows esgotados tanto em festivais como em clubes sabe que,
por melhor que o show seja, algumas coisas sempre vão incomodar.
Tem empurra-empurra, comprar cerveja é um drama, e todo show tem
aquele grupinho que adora conversar enquanto a banda está tocando sua
música favorita. Cansados disso, artistas, produtores e donos de casas
de shows decidiram importar para o Brasil uma tendência que já é forte
nos Estados Unidos e Europa: as apresentações para poucos em salas de
estar.
O conceito é exatamente o que o nome indica: o artista
entra em uma sala de estar para fazer um show intimista para cerca de 20
ou 30 fãs. A modalidade já vem crescendo principalmente entre as bandas
folk norte-americanas e ganhou muitos adeptos no Brasil, inclusive a
banda Apanhador Só, que quer fazer uma turnê pelo país só nesse formato.
Por aqui, o pioneiro em shows nesse formato é o Sofar,
projeto londrino que chegou a São Paulo em 2012 através de Dilson
Laguna e Fernando Remiggi. De lá para cá, os sócios já fizeram mais de
50 eventos em 10 capitais brasileiras. "O público fica muito admirado
por estar tão próximo dos artistas", disse Remiggi em entrevista ao iG.
O
Sofar busca lugares inusitados para colocar as bandas em shows bem
intimistas. Os endereços só são divulgados horas antes das
apresentações, com uma lista de convidados reduzida a quem se inscreveu
para ver os shows antes mesmo das bandas serem anunciadas. "Já fizemos
edições em salão de cabeleireiro, barbearia, atelie, espaços culturais,
lojas de roupas, casas de pessoas, galeria de arte", lembrou o
empresário.
Em São Paulo, alguns lugares estão se especializando
nessa modalidade de apresentação. É o caso do Orb, que fica na zona
oeste da capital paulista e promove shows para cerca de 30 pessoas em
seu sofá. "É um outro tipo de proposta, são shows fora do comum", disse
Eduardo Ramos, diretor artístico da casa.
Apesar de ser uma das
referências para esses shows de sala de estar, o Orb, que está na ativa
há cerca de seis meses, é bem conhecido por suas festas de música
eletrônica. "É engraçado ver esse encontro de quem nos conhece pelas
festas de música eletrônica com esse tipo de show. São duas coisas
opostas, mas que fluem naturalmente", explicou.
Uma das bandas que
já participou dos shows no sofá do Orb é a Atalhos, grupo folk do
interior de São Paulo, e o saldo foi bem positivo. "É fantástico, é uma
experiência nova", disse o vocalista Gabriel Soares.
Para o músico, o principal ponto desse tipo de apresentação é a
proximidade com o público. "Tem menos gente, mas as pessoas que estão
ali estão prestando atenção. Para o músico, isso é importante",
explicou. "Às vezes vale mais uma plateia pequena que está prestando
atenção do que um público grande que passa o show no bar."
Se por
um lado os shows intimistas criam uma relação de proximidade com a
plateia, eles também demandam mais atenção e concentração ao artista.
"Se não tiver ensaio, vai dar na cara, está todo mundo ali perto. No
show grande, dá até pra esconder", disse.
O lado financeiro também é um fator positivo para esse tipo de show.
"Compensa mais do que fechar uma casa para fazer show. O dono da casa só
quer saber se vai dar lucro e nem bandas grandes independentes
conseguem lotar as apresentações", disse.
Com tanto apoio de público e artistas, iniciativas
como as do Orb e do Sofar vêm dando cada vez mais resultado no Brasil.
"Hoje o Sofar Sounds é a maior plataforma de música independente do
mundo. A exposição que damos pra essas bandas é muito grande, elas têm
uma visibilidade que nenhuma plataforma conseguiria mostrar em rede
mundial", disse Fernando Remiggi. Tanto que o Sofar já tem seis eventos
marcados em cinco capitais brasileiras só neste mês, além de um festival
secreto planejado para este ano.
Mais do que uma tendência, os
shows em salas de estar são uma reação ao formato tradicional de shows.
"Quando você vê um show em uma boate, 40% das pessoas estão com um
celular na mão, nem aí pra banda tocando", disse Eduardo Ramos. "Esse
tipo de iniciativa é uma reação, é uma experiência artística real. A
gente está de saco cheio de show grande", resumiu o diretor do Orb.
Fonte: http://on.ig.com.br/
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