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segunda-feira, 2 de maio de 2016

Exposição: "Cultivar o Deserto como um pomar às avessas" (Galeria de Arte da Uff)













É buscar no invisível a potência daquilo que nem sempre está ali. Nesta mostra apostamos em atitudes poéticas que exploram relações de tensão entre desaparecimento e resistência. Reunimos artistas de diferentes gerações, cuja obra rompe com certo pensamento hegemônico e reinventa um novo modo de estar no mundo. Para eles a ditadura da imagem ou do produto estético não é mais importante do que a experiência que torna a realidade um espaço apenas provisório. Há uma ambivalência, seja na contradição dos materiais ou na inversão das imagens fornecidas pelo presente que confere às oras uma feição insondável desta realidade. Em sua despretensão, acreditamos que a mostra problematiza alguns pontos centrais da arte contemporânea. A cartografia se desenha a partir da questão da transitoriedade ou do devir - o tempo do fenômeno é eternizado pela fixidez da imagem, mas o que o observador encontra é sempre atualizado pelo instante. Uma nova perspectiva que nos é dada a partir da experiência mesma. Os trabalhos que aqui se apresentam constituem-se enquanto disjunção, para pensar a arte como prática e agenciamento - território para experimentação. Revelam a coincidência entre o desejo de uma revolução permanente e um olhar ávido para o registro da fragilidade. Em uma leitura que não confirma nossas expectativas, tudo o que vemos é deslocamento. O observador não pode manter-se em uma posição confortável frente às obras. Elas inauguram um território inteiramente novo, tanto para a imaginação quanto para o corpo que se põe diante do trabalho. Tudo é elaborado no registro da possibilidade, toda fala material é uma nova fala. O dito da obra só acontece no instante de seu nascimento. O que se pode ouvir no trabalho é sempre da ordem de um vocabulário. A arte poderia, talvez, criar novas unidades de medida para habitar um mundo. A tarefa dos trabalhos parece ser a diária recriação do cotidiano. As coisas nos olham e o que vemos depende de como devolvemos o olhar.

Vilmar Madruga e Bianca Madruga

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