Uma das tradições do Japão que pouco conhecemos é a das “mulheres do
mar” ou as pescadoras de pérolas. Elas eram especialistas em descer até 9
mil metros mar gelado abaixo usando apenas um “fundoshi” (tapa sexo),
que deixava seu corpo mais livre. De peito aberto, saíam em busca de
pérolas, segurando a respiração através de técnicas especiais. Quem de
fato voltava com uma pérola, ganhava um bonus.
Essa imagem parece incrível o suficiente para inspirar Alexandre
Herchcovitch, com sua gama de elementos que cercam a simbologia
feminina: a força, a coragem, o seio, a calma, a garra, o sacrifício.
Mas para ele, em termos visuais, parecia pouco. “É um tema forte, mas
como não envolve roupa, fica pobre em termos de imagem”, ele contou
momentos antes do desfile.
Mostrando as peças que melhor traduzia todos os momentos da coleção,
ele diz que foi atrás de outros temas que cercavam sua primeira
referência. E então vieram a alfaiataria oriental e o mar, com suas
ondas e espumas, vestidos que lembram maiôs, texturas que lembram algas,
a figura da sereia. O mar está rendendo boas histórias nesta temporada e
a de Alexandre é como a gente espera, incomum, com um toque de
inusitado. No look 11, o floral lembra os desenhos que enfeitavam as
calcinhas de algumas mergulhadoras.
O desfile começa com Daiane em um casaco de linho e algodão e shape
quadrado e evolui a partir daí para técnicas hiper elaboradas, como os
babados que aparecem dentro e fora de alguns looks. No vestido preto
(foto 14), ele começa pequeno, com 1 cm, e vai crescendo. Há maneiras de
trabalhar o babado que o torna desgastado, em um efeito espuma do mar.
Esse trabalho também é visto no látex, material que Herchcovitch domina
bem e que faz parte de seus momentos de moda mais icônicos.
Para chegar a esse resultado, muitos testes são feitos antes e metros
de tecido são usados. A proporção é: 5 metros vira 1 metro de babado.
Vale destacar o vestido de Drielly, pura delicadeza.
Após vermos uma aula de modelagem precisa, vem o desbunde final, com
quatro vestidos de crepe de chine e chiffon de seda nas mais lindas
variações de azul. “É uma coleção feminina e forte”, comenta o
estilista. Muitos bônus para as pescadoras de Alexandre. (CAMILA YAHN)
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