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quarta-feira, 15 de abril de 2015

SPFW: Paula Raia



Paula apresenta sua coleção somente no verão, uma vez por ano. Bem diferente do ritmo alucinante da indústria. O interessante é que ela escolheu um timing próprio de trabalho e nos obrigada a entrar no seu ritmo. Com ela o tempo passa devagar. Nós vimos 24 looks no tempo em que veríamos 44 fosse este o desfile de uma marca maior.
Aqui, não há um look de transição, uma ponte entre uma série e outra. Cada um é único e essencial para a coleção.
E se Paula é slow fashion, assim também é sua roupa e o caminhar das modelos. A roupa comunica tranquilidade e um “estar presente”; o zelo do processo está em cada pedaço de tecido.
Desta vez, ela optou por não expor os materiais a nenhuma espécie de processo químico, então a coleção é inteira em tom cru. “Para mim isso significa leveza e nitidez”.
Para a gente fica óbvio que Paula está, de fato, entendendo tudo com cada vez mais clareza: as formas que usa, como as constrói, o processo mais humano, como ela escolhe contar sua história e, ainda, como escolhe nos envolver em tudo isso.
Na sua imaginação, uma profetiza de longos cabelos sai do mar. Assim, as modelos têm longas tranças e um olhar calmo e seguro. A coleção chega ao ápice do trabalho com texturas, que é o que Paula mais gosta de fazer. Há referências a esponjas, anêmonas, estruturas rochosas, tudo feito com a mão. São quase santas ou novas Morganas. E como toda feiticeira, o que carregam de sabedoria, também carregam de sensualidade. Os looks são pontuados por peças em faixas inspiradas no shibari, uma espécie de bondage em japonês.
O desfile aconteceu, mais uma vez, em sua casa, que ela abre para receber poucos convidados. Após a apresentação, fui falar com ela e dividi a atenção com seus dois filhos que queriam comprar um álbum de figurinha. Nesse ambiente familiar e alegre, ela encontra o apoio para continuar navegando em mares tranquilos, ressurgindo da água uma vez por ano. CAMLA YAHN)

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