O desfile da Cavalera já estava sendo comentado muito antes de
acontecer. A presença de índios da tribo Yawanawá fazendo a trilha já
causava uma curiosidade e um burburinho em torno da apresentação. Tudo
aconteceu à noite, num descampado no parque, nós sentados em esteiras de
palha, um friozinho confortável. Os índios fizeram sim uma bela
apresentação, com seus cocares escandalosamente bonitos.
E as roupas traduziam, à sua maneira, a experiência da trupe da
Cavalera no festival que a tribo organiza anualmente. Os elementos caros
à cultura indígena estão lá, como bordados inspirados no trabalho de
miçangas e referências ao kene, desenhos que possuem significado
espiritual. Na estamparia, muita borboleta, pontas de lança, jiboias,
onças e andorinhas (“Quando você chega na aldeia, as andorinhas vêm te
receber”, disse Alberto).
Para uma marca que tem sua origem no universo rock’n’roll e num
estilo bem urbano, esse intercâmbio com os índios mostrou coragem da
equipe para ousar olhar para uma outra direção, o que acaba impactando
na modelagem e na direção da moda mesmo. A coleção, tanto feminina
quanto masculina, está mais madura, ainda jovem, mas não tão jovem.
Certamente a inspiração na Cacique Mariazinha, grande força Yawanawá,
encorpou com mais força a mulher da Cavalera, que aparece mais forte,
mais sensual, mais original.
No masculino, destaca-se a alfaiataria em tons neutros, em uma imagem
inspirada em um safári utilitário. Daí surgem detalhes que fazem a
diferença, como o paletó fechado por um pequeno zíper. Para celebrar
junto com a tribo, um ihuuuu pra Cavalera! (CAMILA YAHN)
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