Lino Villaventura está de volta e os fashionistas que acham a vida
mais divertida com uma boa dose de drama e fantasia agradecem. Depois de
duas temporadas mais contida, a veia performática teatral do estilista
volta a pulsar, justamente no ano de comemoração de duas décadas de São
Paulo Fashion Week. Para celebrar tantos desfiles no evento, Lino
acrescentou ao seu verão 2016 vestidos e acessórios marcantes de
coleções passadas, a começar pelo look que abre o show, do verão de
1997, usado por Marina Dias naquela época e nesta quinta, com direito a
olho branco de lentes de contato e caminhar performático.
Com teto altíssimo e uma escadaria gigante que os modelos desciam
para entrar na passarela, o Museu Afro Brasil serviu com perfeição como
cenário para a teatralidade das roupas e atitude da marca. “É um jogo de
cena”, resume o estilista, que diz não se inspirar em nada em especial
para este verão. “Vou fazendo o que gosto.” Mesclada a acessórios como
sapatos masculinos do desfile de 1996 e a impressionante cabeça feita
com uma cobra naja de verdade, bordada com cristais e com o corpo
descendo pelas costas da modelo (apresentação de 2005), a coleção
reafirma a personalidade excêntrica sedutora da moda de Lino. As
nervuras, os bordados, o caimento assimétrico com bicos e a fluidez
remetem ao exotismo de culturas distantes, desconhecidas, talvez até
fictícias, como numa fábula estranhamente magnética. À dramaticidade da
imagem e da performance é agregado o know how artesanal e técnico do
designer, com peças muito bem acabadas, bordados delicados como os
filigranas de cristais, os devorês nas gazes e as aplicações sobre o
tule de seda. Destaque para a trilha sonora de Felipe Venâncio, que deu o
clima de viagem exótica e misteriosa à apresentação, com atrações que
incluíram atores na passarela, como Reynaldo Gianecchini, cobras
empalhadas e modelos de olhos vermelhos e brancos. (CAROLINA VASONE)
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