O Museu de Arte do Rio apresenta “Dja Guata Porã | Rio de Janeiro indígena”, uma mostra sobre a história do estado do Rio como história indígena. Concebida de modo participativo, a partir da colaboração de povos, aldeias e indígenas que residem no estado ou na capital carioca, a exposição é fruto de um processo de diálogo conduzido entre 2016 e 2017 pela equipe de pesquisa, curadoria e educação do MAR. Por meio de encontros abertos ao público, no museu e nas aldeias envolvidas, a mostra foi construída como uma plataforma de colaboração entre práticas museológicas e indígenas.
“Dja Guata Porã” é dividida em diversos núcleos que contam com obras, vídeos, fotografias e outros dispositivos criados pelos indígenas para a exposição, entrecruzados com documentação e iconografia histórica sobre algumas das mais importantes questões dessa história. Uma grande linha do tempo contextualiza conceitos, períodos e acontecimentos enquanto quatro núcleos lançam luz sobre povos e indígenas que hoje habitam o estado do Rio: os Guaranis, os Puris, os Pataxós e os indígenas que moram em contexto urbano, a exemplo da Aldeia Maracanã. Ao mesmo tempo, cinco estações concebidas com a colaboração de Josué Kaingang, Eliane Potiguara, Anari Pataxó, Niara do Sol e Edson Kayapó apresentam temas que atravessam épocas e povos, denotando sua relevância para a história cultural e de resistência dos povos indígenas: educação, comércio, arte, natureza e mulher.
Assim como dá a ver a instalação sonora que receberá os visitantes já na passarela que dá acesso ao Pavilhão de Exposições, “Dja Guata Porã” convoca e busca potencializar a dimensão polifônica da diversidade cultural dos povos que fazem, histórica e atualmente, a história do Rio de Janeiro e do Brasil.
Curadoria: Sandra Benites, José Ribamar Bessa, Pablo Lafuente e Clarissa Diniz.
MAR de caminhadas
O Rio de Janeiro é o tema do 3o andar do pavilhão de exposições do Museu de Arte
do Rio – MAR. Seu caráter histórico – voltado a um período, um lugar, um
personagem, um contexto – intenciona convidar os visitantes, cariocas ou não, a
conhecer e reconhecer histórias sobre a cidade e o estado do Rio de Janeiro. Histórias
por vezes esquecidas, ou ainda por serem contadas.
É o que agora nos apresenta Dja Guata Porã: Rio de Janeiro indígena, um caminho
por entre a história e a contemporaneidade das culturas indígenas nesta região do
Brasil. Concebida de modo participativo, a partir da vertebral colaboração de povos,
aldeias, movimentos e indígenas que residem no estado ou na capital carioca, a
mostra é fruto de diálogos conduzidos entre 2016 e 2017 pelas equipes de curadoria e
de educação do MAR, que contaram com a contribuição de pesquisadores, curadores,
arquitetos e designer convidados. Em seu processo de criação, Dja Guata Porã tem
experimentado modos não convencionais de construção de sentido no campo dos
museus e no seio da atividade curatorial, friccionando vozes e práticas hegemônicas
por entre diferenças e divergências.
Desse exercício singular surge esta exposição, permeada por obras comissionadas,
criadas a partir dos diálogos que nos conduziram até aqui. Mais do que vídeos,
fotografias, objetos, maquetes, instalações ou desenhos, esses trabalhos são
processos de pesquisa em aberto. Refletem pensamentos e posições atuais – como
tal, moventes – dos diversos indígenas que constituem o Rio de Janeiro. São, por isso,
vocacionados a agir como convites de continuidade dessa caminhada, repleta de
escuta e troca. Por toda participação e dedicação, o MAR, sob a gestão do Instituto
Odeon, agradece a todos os que abriram suas vidas, suas aldeias, suas casas, seus
arquivos e suas memórias para compartilhar conosco – e, agora, com nosso público –
essa imensa pluralidade e riqueza de histórias, perspectivas e desejos.
Carlos Gradim: Diretor presidente do Instituto Odeon
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